Tudo começa com um queimar. O despertar. O calor do cigarro em sua pele, fazendo com que as cinzas do momento venham à superfície. Ascender. A brasa da fogueira. As labaredas do inferno. E o que eram apenas sombras de um obscuro sono torna-se agitação da luminosa noite.
Os postes acesos. Fogo preso em vidro formado em fogo. A
exceção diante da noite que nos observa. Cada passo acompanhado como se por uma
lanterna de um investigador que não conseguimos enxergar. Mas ele está lá. O
leitor ansioso pelo desfecho do que nem sabe que ocorrerá. Há quatro olhos
divididos em pesares e sustos, guiados pelo halo das luzes pelo caminho.
O que começa em queimar esfria. A temperatura cai mesmo com
a chegada do dia. Os postes se apagam, a chama se esvai. O despertar torna-se
adormecer, como se tudo não passasse de um pesadelo. A queimadura cicatriza, o
calor abranda-se. A sensação torna-se tão sutil quanto como se fosse apenas
imaginação de um autor que quer entreter despercebido. O que era fogo torna-se
gelo. Mas até o gelo queima. No fundo tudo começa e termina em queimar.